Cândida Nobre A experiência que temos com um produto cultural, hoje, é repleta de negociações. Seja uma música, um livro ou um filme, a tensão é quase sempre a mesma. Pode ver, mas não copiar. Já que é só para você, copia, mas não compartilha. Tá, se é para um amigo (só um!), compartilha, vai, mas não muda. Tudo bem, até que dá para mudar, mas antes pede ao “dono” e, se ele deixar, é preciso colocar o nome, explicar, rotular, selar e carimbar, afinal de contas, cultura que é cultura, para ser bem aceita, assim, de papel passado, não pode ser órfã, precisa de uma paternidade autoral. E não é uma paternidade qualquer, mas um nome de força, reputação e autoridade. Como se vê, da Revolução Industrial até então, a livre circulação da cultura não é tarefa tão simples. Mas nem sempre foi assim. Apesar de a gente associar o comportamento de consumo mais autônomo a técnicas e tecnologias recentes, é de espantar o quanto a necessidade de liberdade no manuseio de objetos culturais é a...