Por Patrícia Bispo
RH - Normalmente, no âmbito corporativo a palavra "mudança" remete as pessoas um desconforto. As transformações sempre assustam, independentemente do cargo que exerçam?
Jöel Thrinidad - Mudar é sair do estado previsível para o "ainda não conquistado", o estado "ainda não garantido" e isso causa certa estranheza. Temos a necessidade de tornar tudo à nossa volta familiar, para que isso nos traga conforto e esse conforto influencie na capacidade de produzir confiança e a confiança transforme-se, em nós, em segurança. Ou seja, mudar nunca será uma palavra independente, pelo contrário é uma palavra reagente, capaz de tornar tudo à nossa volta desconhecido. E é o desconhecido que nos leva ao medo. Ao medo de tentar, de arriscar, de falhar, de fracassar. Mas que também pode atrair novidade, conhecimentos, novas habilidades e também oportunidades independente do cargo em que o indivíduo esteja naquele momento, ou em qual empresa estará no futuro. A Idade da Pedra não mudou por falta de pedra, mas pelo excesso de pedras, por isso surgiu a necessidade de mudar.
RH - A resistência às mudanças está diretamente relacionada à educação que as pessoa recebe, quando criança?
Jöel Thrinidad - Sim. Mudar estará relacionado à cultura, à educação e à forma em que fomos treinados a ver a vida com ousadia e desprendimento. O que torna a mudança um monstro imaginário é a falta de conhecimento e pouca habilidade. O sujeito que se enxerga como um especialista naquilo que faz, mas ele compreende que cada fase requer novo aprendizado e isso influenciará para seu futuro empregatício. No meu futuro livro, "As Seis Vidas do Novo Executivo" menciono que quando crianças somos estimulados a desenvolver três sentimentos negativos que, se mal administrados, influenciarão no sucesso tanto pessoal quanto profissional, que são: o medo, o ciúme e a culpa. Esses três sentimentos influenciam diretamente a autoconfiança, a autoestima, a competência e a segurança em assumir novos desafios, impedindo muitas vezes de criar novas perspectivas. Só nos damos conta de certos valores quando adultos, porque quando crianças, não só o nosso interesse é diferente, como também as nossas necessidades. Contudo, tudo é perfeitamente "modificável" a partir do momento que reconhecemos que precisamos utilizar novos recursos.
RH -Ter medo de mudar pode ser positivo em algumas situações, principalmente no tocante à realidade vivenciada pelas empresas?
Jöel Thrinidad - Não vejo como o medo de mudar possa ser positivo, ainda mais para o momento instável pelo qual o mundo está passando. É necessário ter conhecimento, esforço físico e intelecto, interesse para que isso o torne capaz de mudar sem medo de tentar. Nosso cérebro acostuma-se facilmente às velhas ideias, a fim de que o corpo economize energia, mas energia demasiada engorda, nos fragiliza, nos corrompe, inibindo os movimentos mais estratégicos, além de enferrujar talentos que antes eram tidos como diferenciais.
RH - Toda mudança proporciona instabilidade emocional, por mais experiente que seja o profissional?
Jöel Thrinidad - Toda mudança provoca instabilidades desde a sua origem - aonde quer que esteja - até ao nosso físico, chegando ao emocional pelo caráter demográfico que toda transição trás. O medo da novidade afeta a nossa capacidade de entender a necessidade de novos investimentos, novas ferramentas, novas habilidades e também de novas atitudes. Mas depois que ela passa, chegamos à conclusão de que mudar era preciso. Para que um profissional possa assumir perante os outros sua inteligência e sua capacidade de reagir a determinadas situações ele precisa ter passado pela experiência de mudar, do contrário como poderá dizer publicamente que está preparado? A experiência vem com o tempo e o tempo é o senhor das estações. Quer seja do clima, como também das estações de trabalho.
RH - É possível enfrentar um processo inovador, com serenidade?
Jöel Thrinidad - A inovação é a mola propulsora para mudança. Sem ela, mudar perde o sentido. Portanto, toda mudança está mais para a agitação de quem quer uma solução para as suas necesidades. Depois que o homem criou a roda, ele percebeu que mover era bom. E depois percebeu que movê-la em alta velocidade oferecia riscos. De imediato percebeu que parar a roda era preciso, por isso criou os freios. Depois notou que frear rápido demais também oferecia riscos, por isso criou o amortecedor e daí sucessivamente. O risco está presente em nossa vida de todas às maneiras, quer seja fazendo ou não fazendo nada para acontecer. Inovar é respeitar o movimento, a velocidade e a frenagem com maior aproveitamento, rentabilidade, viabilidade, dinamismo e inteligencia. A serenidade é substituida pela confiança de inovar até que a roda esteja aperfeiçoada e adequada.
RH - As inovações sempre levam ao aprendizado?
Jöel Thrinidad - A inovação nos remete à ideia de que tudo o que existe pode ser melhorado. Se pode ser melhorado, precisa ser aperfeiçoado. E tudo o que é aperfeiçoado trás uma ideia original. Assim como a palavra mudança entrelaça a de movimento, a inovação move-se de inteligencia. E se torna impossível inovar sem se tornar inteligente simultaneamente. Aprender nos alimenta de conhecimento e o conhecimento trás consigo a culpa, por não fazer o que deveria ser feito. Por isso a inovação consegue nos mostrar comprovadamente que uma vez inovadores, já não somos mais os mesmos.
RH - Muitas vezes, quem enfrenta as mudanças precisa vencer modelos mentais que são formados ao longo da vida. Vencer paradigmas é sempre um processo doloroso?
Jöel Thrinidad - Sair do comodismo, do sedentarismo e do oportunismo é um processo doloroso, ainda mais para quem ainda não percebeu que é a força do hábito, pois isso nos torna limitados. Nos apegamos mais fácilmente aos maus hábitos porque eles são mais sedutores do que à inquietação de quem coloca o cérebro para encontrar uma solução nova todos os dias. Os paradigmas estão para a rotina assim como a gasolina está para os incêndios. Quando mais um alimenta o outro, mais o que é destrutivo cresce. Devemos desde cedo acostumar o nosso cérebro a compreender que é justamente o que muda o que nos fortalece.
RH - Na atualidade, quais os recursos mais adotados pelas empresas para a implantação dos processos de mudança?
Jöel Thrinidad - Em primeiro lugar a oganização, em segundo a inovação, em terceiro lugar a reeducação, em quarto lugar a seleção. Esses quarto recursos deveriam ser os mais estratégicos, mas por incrível que pareça são os mais subestimados. A organização é o principio básico de toda empresa. Produtos, serviços e processos muito bem alinhados e definidos fazem parte da organização. Em seguida vem a inovação que chega não somente em momentos de crise, mas em uma situação mais criativa, oferendo soluções imediatas para problemas conhecidos, causando não somente o interesse de consumo, mas também de novidade e de outras necesidades. A reeducação tanto no uso dos recursos naturais, da materia-prima, nos hábitos mercadologicos, como também nos departamentos, nas pessoas dentro das organizações. Aprender e tornar aquilo que foi aprendido em um treinamento, por exemplo, como algo prático, efetivo e vivenciado no dia a dia, quebrando velhos mitos que nos prendem a rotina com aspecto saudável. E por último e não menos importante é a seleção. A seleção é responsável por trazer para a empresa pessoas não somente técnicas e estratégicas como também questionadoras, ao invés dos repetitivos que se prendem fácilmente a velhos habitos e acabam tornando-se ferramentas mentais obsoletas para todo o grupo. É procurar trazer para a empresa pessoas que estejam dispostas a confrontar a realidade, quer seja na hora de rever um processo, uma nova maneira de fazer uma atividade ou até mesmo de se relacionar dentro da empresa evitando o medo, a desconfiança e a insegurança na hora de mudar.
RH - Em sua opinião, quais os fatores que contribuem para que as mudanças sejam aceitas pelos talentos corporativos?
Jöel Thrinidad - Em 16 anos de carreira, posso dizer que já passei por inúmeras mudanças em minha vida profissional que impactaram mudanças em minha vida pessoal. E naquelas em que eu julgo terem sido as mais importantes, o elemento principal de sucesso foi sem dúvida alguma a transparência. A transparência causa confiança e a confiança nos alimenta de segurança. Quando os processos estão claros, as metas estão definidas e as condições para que ocorram estão alinhadas, as pessoas tornam-se motivadas a mudar e a promover internamente melhorias. É o medo que as alimentam de dúvidas e as dúvidas despertam a necessidade de prudência. No fundo elas estão dispostas a mudar, mas para isso elas exigem garantias e por não existir condições de oferecer individualmente garantías, acabam optando por repetir algo já conhecido do que gerenciar uma novidade que não se sabe ao certo o resultado.
RH - E quais os fatores que, normalmente, mais atrapalham as pessoas a assimilarem as inovações?
Jöel Thrinidad - O medo, sem sombra de dúvida é o principal vilão, seguido pelo comodismo. A velha necessidade de tornar padrão as soluções como se os problemas viessem tabelados e quantificados em graus mensuráveis de dificuldade. A falta de conhecimento e de ousadia também tornam as mudanças pouco significativas sem qualquer destaque. O medo de inovar é o que freia a inclusão das pessoas no processo organizacional. Se elas não estarão inseridas nos problemas, tão pouco estarão preparadas para estarem na solução.
RH - Em seu livro "Mente Aberta & Coração Tranquilo" o senhor dedicou um capítulo apenas aos efeitos que as mudanças podem gerar às pessoas. Por que essa abordagem específica?
Jöel Thrinidad - Ao contrário de muitos livros voltados para Administração e Negócios, o livro "Mente Aberta & Coração Tranquilo" se propoe a abordar os aspectos pessoais do executivo que almeja o sucesso profissional, pessoal e intelectual. Como vive, como sofre, como pensa e o que espera do futuro alguém que dá seu sangue pelos corredores das grandes organizações. Por isso, preocupei-me tanto com os aspectos profissionais quantos os pessoais. E não se chega ao sucesso sem haver um continuo aperfeiçoamento. E o aperfeiçoamento é baseado no desprendimento das coisas velhas de pouca ou de nenhuma importancia em relação aos novos hábitos, conhecimentos e também habilidades. E se você não motiva e não ajuda as pessoas a se enxergarem como soluções vivas para os seus problemas, elas nunca verão de perto quais as soluções que precisam encontrar, quais as atitudes precisam mudar e quais os desejos precisam manter. O livro é recordé de vendas em Portugal, em um ano de crise em que as pessoas evitam outros tipos de divertimento em função dos custos justamente por trazer ao modelo atual de gestão, seguido por uma mudança de atitude prática sem tantas teorías. Mudar requer ousadia e toda ousadia
oferece seus riscos. Quem quer mudar não vê problemas, vê pontes.
*disponível em: http://www.rh.com.br/Portal/Mudanca/Entrevista/8427/quando-bem-administradas-as-mudancas-criam-otimas-oportunidades.html
Simplesmente mudar e considerar as inovações com um processo que surge a cada momento e que negá-lo apenas trará consequências negativas tanto no campo profissional quanto pessoal. Hoje, diante de um universo consagrado pelo inesperado, as pessoas veem-se diante de uma realidade mutante que faz os indivíduos obrigarem-se a sair da zona de conforto, a rever e a superar paradigmas que foram construídos ao longo de anos. Logicamente que isso não é algo fácil de administrar, uma vez que requer amadurecimento e vontade da própria pessoa de repensar o que até então era considerado como "sua verdade absoluta".
Foi para falar sobre um tema tão polémico e presente no campo corporativo que o RH.com.br entrevistou o consultor Jöel Thrinidad, especialista em planejamento estratégico e em Gestão de Pessoas. Autor do libro "Mente Aberta & Coração Tranquilo - O Cotidiano do Novo Executivo", lançado pela Editora Idéias & Letras, Thrinidad comenta que quando nos referimos às mudanças, também nos reportamos ao processo produtivo e evolutivo desta como ferramenta de sobrevivência presente nas empresas da atualidade. "Mudar tornou-se necessário para se manter competitivo, atualizado, estratégico e especializado. Muda-se pelo mercado, pelos clientes, pela concorrência, pelos lucros, pelos custos e pelo futuro. Tanto as empresas quanto seus funcionários precisam estar cientes dessa necessidade para que ambos cheguem juntos, ao mesmo lugar", assinala. Confira a entrevista concedida por Jöel Thrinidad e tenha uma boa leitura!
Foi para falar sobre um tema tão polémico e presente no campo corporativo que o RH.com.br entrevistou o consultor Jöel Thrinidad, especialista em planejamento estratégico e em Gestão de Pessoas. Autor do libro "Mente Aberta & Coração Tranquilo - O Cotidiano do Novo Executivo", lançado pela Editora Idéias & Letras, Thrinidad comenta que quando nos referimos às mudanças, também nos reportamos ao processo produtivo e evolutivo desta como ferramenta de sobrevivência presente nas empresas da atualidade. "Mudar tornou-se necessário para se manter competitivo, atualizado, estratégico e especializado. Muda-se pelo mercado, pelos clientes, pela concorrência, pelos lucros, pelos custos e pelo futuro. Tanto as empresas quanto seus funcionários precisam estar cientes dessa necessidade para que ambos cheguem juntos, ao mesmo lugar", assinala. Confira a entrevista concedida por Jöel Thrinidad e tenha uma boa leitura!
RH.com.br - Por que mudar tornou-se inevitável tanto para as empresa quanto para os talentos?
Jöel Thrinidad - Quando nos referimos às mudanças, estamos falando também sobre o processo produtivo e evolutivo desta como ferramenta de sobrevivência presente nas empresas da atualidade. Mudar tornou-se necessário. Necessário para se manter competitivo, atualizado, estratégico e especializado. Muda-se pelo mercado, pelos clientes, pela concorrência, pelos lucros, pelos custos e pelo futuro. Tanto as empresas quanto seus funcionários precisam estar cientes dessa necessidade para que ambos cheguem juntos, ao mesmo lugar. E quem consegue facilmente se adaptar a essa constanta instabilidade está propenso a alcançar o sucesso mais rapidamente, demonstrando não somente a necessidade, mas também o interesse e a coragem de pensar grande e ver essa grandeza fazendo diferença em seu talento profissional.
Jöel Thrinidad - Quando nos referimos às mudanças, estamos falando também sobre o processo produtivo e evolutivo desta como ferramenta de sobrevivência presente nas empresas da atualidade. Mudar tornou-se necessário. Necessário para se manter competitivo, atualizado, estratégico e especializado. Muda-se pelo mercado, pelos clientes, pela concorrência, pelos lucros, pelos custos e pelo futuro. Tanto as empresas quanto seus funcionários precisam estar cientes dessa necessidade para que ambos cheguem juntos, ao mesmo lugar. E quem consegue facilmente se adaptar a essa constanta instabilidade está propenso a alcançar o sucesso mais rapidamente, demonstrando não somente a necessidade, mas também o interesse e a coragem de pensar grande e ver essa grandeza fazendo diferença em seu talento profissional.
RH - Normalmente, no âmbito corporativo a palavra "mudança" remete as pessoas um desconforto. As transformações sempre assustam, independentemente do cargo que exerçam?
Jöel Thrinidad - Mudar é sair do estado previsível para o "ainda não conquistado", o estado "ainda não garantido" e isso causa certa estranheza. Temos a necessidade de tornar tudo à nossa volta familiar, para que isso nos traga conforto e esse conforto influencie na capacidade de produzir confiança e a confiança transforme-se, em nós, em segurança. Ou seja, mudar nunca será uma palavra independente, pelo contrário é uma palavra reagente, capaz de tornar tudo à nossa volta desconhecido. E é o desconhecido que nos leva ao medo. Ao medo de tentar, de arriscar, de falhar, de fracassar. Mas que também pode atrair novidade, conhecimentos, novas habilidades e também oportunidades independente do cargo em que o indivíduo esteja naquele momento, ou em qual empresa estará no futuro. A Idade da Pedra não mudou por falta de pedra, mas pelo excesso de pedras, por isso surgiu a necessidade de mudar.
RH - A resistência às mudanças está diretamente relacionada à educação que as pessoa recebe, quando criança?
Jöel Thrinidad - Sim. Mudar estará relacionado à cultura, à educação e à forma em que fomos treinados a ver a vida com ousadia e desprendimento. O que torna a mudança um monstro imaginário é a falta de conhecimento e pouca habilidade. O sujeito que se enxerga como um especialista naquilo que faz, mas ele compreende que cada fase requer novo aprendizado e isso influenciará para seu futuro empregatício. No meu futuro livro, "As Seis Vidas do Novo Executivo" menciono que quando crianças somos estimulados a desenvolver três sentimentos negativos que, se mal administrados, influenciarão no sucesso tanto pessoal quanto profissional, que são: o medo, o ciúme e a culpa. Esses três sentimentos influenciam diretamente a autoconfiança, a autoestima, a competência e a segurança em assumir novos desafios, impedindo muitas vezes de criar novas perspectivas. Só nos damos conta de certos valores quando adultos, porque quando crianças, não só o nosso interesse é diferente, como também as nossas necessidades. Contudo, tudo é perfeitamente "modificável" a partir do momento que reconhecemos que precisamos utilizar novos recursos.
RH -Ter medo de mudar pode ser positivo em algumas situações, principalmente no tocante à realidade vivenciada pelas empresas?
Jöel Thrinidad - Não vejo como o medo de mudar possa ser positivo, ainda mais para o momento instável pelo qual o mundo está passando. É necessário ter conhecimento, esforço físico e intelecto, interesse para que isso o torne capaz de mudar sem medo de tentar. Nosso cérebro acostuma-se facilmente às velhas ideias, a fim de que o corpo economize energia, mas energia demasiada engorda, nos fragiliza, nos corrompe, inibindo os movimentos mais estratégicos, além de enferrujar talentos que antes eram tidos como diferenciais.
RH - Toda mudança proporciona instabilidade emocional, por mais experiente que seja o profissional?
Jöel Thrinidad - Toda mudança provoca instabilidades desde a sua origem - aonde quer que esteja - até ao nosso físico, chegando ao emocional pelo caráter demográfico que toda transição trás. O medo da novidade afeta a nossa capacidade de entender a necessidade de novos investimentos, novas ferramentas, novas habilidades e também de novas atitudes. Mas depois que ela passa, chegamos à conclusão de que mudar era preciso. Para que um profissional possa assumir perante os outros sua inteligência e sua capacidade de reagir a determinadas situações ele precisa ter passado pela experiência de mudar, do contrário como poderá dizer publicamente que está preparado? A experiência vem com o tempo e o tempo é o senhor das estações. Quer seja do clima, como também das estações de trabalho.
RH - É possível enfrentar um processo inovador, com serenidade?
Jöel Thrinidad - A inovação é a mola propulsora para mudança. Sem ela, mudar perde o sentido. Portanto, toda mudança está mais para a agitação de quem quer uma solução para as suas necesidades. Depois que o homem criou a roda, ele percebeu que mover era bom. E depois percebeu que movê-la em alta velocidade oferecia riscos. De imediato percebeu que parar a roda era preciso, por isso criou os freios. Depois notou que frear rápido demais também oferecia riscos, por isso criou o amortecedor e daí sucessivamente. O risco está presente em nossa vida de todas às maneiras, quer seja fazendo ou não fazendo nada para acontecer. Inovar é respeitar o movimento, a velocidade e a frenagem com maior aproveitamento, rentabilidade, viabilidade, dinamismo e inteligencia. A serenidade é substituida pela confiança de inovar até que a roda esteja aperfeiçoada e adequada.
RH - As inovações sempre levam ao aprendizado?
Jöel Thrinidad - A inovação nos remete à ideia de que tudo o que existe pode ser melhorado. Se pode ser melhorado, precisa ser aperfeiçoado. E tudo o que é aperfeiçoado trás uma ideia original. Assim como a palavra mudança entrelaça a de movimento, a inovação move-se de inteligencia. E se torna impossível inovar sem se tornar inteligente simultaneamente. Aprender nos alimenta de conhecimento e o conhecimento trás consigo a culpa, por não fazer o que deveria ser feito. Por isso a inovação consegue nos mostrar comprovadamente que uma vez inovadores, já não somos mais os mesmos.
RH - Muitas vezes, quem enfrenta as mudanças precisa vencer modelos mentais que são formados ao longo da vida. Vencer paradigmas é sempre um processo doloroso?
Jöel Thrinidad - Sair do comodismo, do sedentarismo e do oportunismo é um processo doloroso, ainda mais para quem ainda não percebeu que é a força do hábito, pois isso nos torna limitados. Nos apegamos mais fácilmente aos maus hábitos porque eles são mais sedutores do que à inquietação de quem coloca o cérebro para encontrar uma solução nova todos os dias. Os paradigmas estão para a rotina assim como a gasolina está para os incêndios. Quando mais um alimenta o outro, mais o que é destrutivo cresce. Devemos desde cedo acostumar o nosso cérebro a compreender que é justamente o que muda o que nos fortalece.
RH - Na atualidade, quais os recursos mais adotados pelas empresas para a implantação dos processos de mudança?
Jöel Thrinidad - Em primeiro lugar a oganização, em segundo a inovação, em terceiro lugar a reeducação, em quarto lugar a seleção. Esses quarto recursos deveriam ser os mais estratégicos, mas por incrível que pareça são os mais subestimados. A organização é o principio básico de toda empresa. Produtos, serviços e processos muito bem alinhados e definidos fazem parte da organização. Em seguida vem a inovação que chega não somente em momentos de crise, mas em uma situação mais criativa, oferendo soluções imediatas para problemas conhecidos, causando não somente o interesse de consumo, mas também de novidade e de outras necesidades. A reeducação tanto no uso dos recursos naturais, da materia-prima, nos hábitos mercadologicos, como também nos departamentos, nas pessoas dentro das organizações. Aprender e tornar aquilo que foi aprendido em um treinamento, por exemplo, como algo prático, efetivo e vivenciado no dia a dia, quebrando velhos mitos que nos prendem a rotina com aspecto saudável. E por último e não menos importante é a seleção. A seleção é responsável por trazer para a empresa pessoas não somente técnicas e estratégicas como também questionadoras, ao invés dos repetitivos que se prendem fácilmente a velhos habitos e acabam tornando-se ferramentas mentais obsoletas para todo o grupo. É procurar trazer para a empresa pessoas que estejam dispostas a confrontar a realidade, quer seja na hora de rever um processo, uma nova maneira de fazer uma atividade ou até mesmo de se relacionar dentro da empresa evitando o medo, a desconfiança e a insegurança na hora de mudar.
RH - Em sua opinião, quais os fatores que contribuem para que as mudanças sejam aceitas pelos talentos corporativos?
Jöel Thrinidad - Em 16 anos de carreira, posso dizer que já passei por inúmeras mudanças em minha vida profissional que impactaram mudanças em minha vida pessoal. E naquelas em que eu julgo terem sido as mais importantes, o elemento principal de sucesso foi sem dúvida alguma a transparência. A transparência causa confiança e a confiança nos alimenta de segurança. Quando os processos estão claros, as metas estão definidas e as condições para que ocorram estão alinhadas, as pessoas tornam-se motivadas a mudar e a promover internamente melhorias. É o medo que as alimentam de dúvidas e as dúvidas despertam a necessidade de prudência. No fundo elas estão dispostas a mudar, mas para isso elas exigem garantias e por não existir condições de oferecer individualmente garantías, acabam optando por repetir algo já conhecido do que gerenciar uma novidade que não se sabe ao certo o resultado.
RH - E quais os fatores que, normalmente, mais atrapalham as pessoas a assimilarem as inovações?
Jöel Thrinidad - O medo, sem sombra de dúvida é o principal vilão, seguido pelo comodismo. A velha necessidade de tornar padrão as soluções como se os problemas viessem tabelados e quantificados em graus mensuráveis de dificuldade. A falta de conhecimento e de ousadia também tornam as mudanças pouco significativas sem qualquer destaque. O medo de inovar é o que freia a inclusão das pessoas no processo organizacional. Se elas não estarão inseridas nos problemas, tão pouco estarão preparadas para estarem na solução.
RH - Em seu livro "Mente Aberta & Coração Tranquilo" o senhor dedicou um capítulo apenas aos efeitos que as mudanças podem gerar às pessoas. Por que essa abordagem específica?
Jöel Thrinidad - Ao contrário de muitos livros voltados para Administração e Negócios, o livro "Mente Aberta & Coração Tranquilo" se propoe a abordar os aspectos pessoais do executivo que almeja o sucesso profissional, pessoal e intelectual. Como vive, como sofre, como pensa e o que espera do futuro alguém que dá seu sangue pelos corredores das grandes organizações. Por isso, preocupei-me tanto com os aspectos profissionais quantos os pessoais. E não se chega ao sucesso sem haver um continuo aperfeiçoamento. E o aperfeiçoamento é baseado no desprendimento das coisas velhas de pouca ou de nenhuma importancia em relação aos novos hábitos, conhecimentos e também habilidades. E se você não motiva e não ajuda as pessoas a se enxergarem como soluções vivas para os seus problemas, elas nunca verão de perto quais as soluções que precisam encontrar, quais as atitudes precisam mudar e quais os desejos precisam manter. O livro é recordé de vendas em Portugal, em um ano de crise em que as pessoas evitam outros tipos de divertimento em função dos custos justamente por trazer ao modelo atual de gestão, seguido por uma mudança de atitude prática sem tantas teorías. Mudar requer ousadia e toda ousadia
oferece seus riscos. Quem quer mudar não vê problemas, vê pontes.
*disponível em: http://www.rh.com.br/Portal/Mudanca/Entrevista/8427/quando-bem-administradas-as-mudancas-criam-otimas-oportunidades.html
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