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OS COMUNICADORES E A CULTURA DAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS

Ajudando a Bianinha que vai ter como tema de seu tcc da pós um estudo de caso de comunicação em um orgão público, sai pesquisando sobre o assunto. Confesso que nunca tinha pesquisado sobre o tema e achei bastante interessante.

Segue uma parte de um material que achei, mas nem me lembro o link para colocar...vou procurar e posto depois ...I Promisse!!!

Bjuuu

Dani Cabraíba

OS COMUNICADORES E A CULTURA DAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS


Os reflexos internos das mudanças externas às instituições têm sugerido novas formas de administrar. Segundo Gaino (1989, p. 18) o modelo "mecanicista foi totalmente orientado para a eficiência, que é uma medida individual. Temos que procurar agora a eficácia, que é adulta e coletiva, e que exige o compartilhar com responsabilidade, integrando informações".

Os caminhos perseguidos pelas instituições são muitos e, nesse processo de buscas de alternativas e soluções para os muitos problemas vivenciados, surgem novas teorias. As modernas teorias e práticas administrativas vêm munindo organizações com métodos de planejamento e gerenciamento sistemáticos, fundamentados em diagnósticos que permitem formular soluções planejadas estrategicamente.

A administração estratégica se tem mostrado eficaz por proporcionar à instituição o vislumbre de um norte que deve ser perseguido de forma global. A visão estratégica ainda permite exercer influência nas atividades internas e externas à organização. Segundo Cabrera e Gaino (1989, p. 15), "o sucesso desse processo depende da capacidade da organização de engajar todos os seus colaboradores no mesmo esforço, na mesma direção, com intensidade e motivação suficientes para estabelecer o processo sinérgico que garantirá o resultado almejado no tempo e no espaço previstos".

Diante dessas mudanças, os profissionais de comunicação das administrações públicas – Relações Públicas e Assessores de Imprensa – mesmo os que buscam fundamentar suas ações comunicativas visando alcançar resultados que os usuários e a sociedade vêm demandando – são desafiados a demonstrar as amplas possibilidades de a comunicação oferecer ajuda na interpretação da realidade e na revisão crítica dos valores da cultura organizacional. Porém uma
das maiores dificuldades dos setores encarregados do planejamento, da gestão e da execução das ações de comunicação tem consistido na interpretação do ambiente interno.

Os profissionais de comunicação deparam-se com dificuldades inerentes à estrutura organizacional, além dos valores impregnados na cultura da instituição. Os valores de instituições
com fortes tradições burocráticas influenciam e dificultam a promoção de uma comunicação que vise a instituição como um todo. Valores patrimoniais e principalmente burocráticos antagonizamse com os novos valores gerenciais e modernos.

Muitas vezes, os comunicadores se vêem diante de interesses antagônicos à concepção estratégica de comunicação para a instituição, como por exemplo, o interesse de chefes em divulgar determinados projetos e ações dos órgãos ou mesmo promover iniciativas individuais com o intuito de promoção pessoal. Além dessas dificuldades, pode-se enumerar a forte tradição das instituições em divulgar somente via Assessoria de Imprensa e Publicidade Institucional, a falta de sinergia entre as mais diversas áreas da comunicação atuantes nos órgãos públicos e a pouca tradição dos profissionais de comunicação em planejar os relacionamentos e as ações institucionais, a fim de torná-las contínuas e duradouras.

Todos esses motivos remetem ao reconhecimento da necessidade de os comunicadores compreenderem a mentalidade das instituições públicas. Em outras palavras, sua cultura organizacional, os valores e crenças vigentes, difíceis de serem mudados.

As Assessorias de Comunicação são comumente convocadas a "repassar" idéias inovadoras, quando as instituições, no intuito de acompanhar os modismos, promovem alterações de alcance efêmero e superficial. Implantam-se programas de qualidade sem prévio diagnóstico da doutrina que tem inspirado e dado rumo às ações dos órgãos públicos, desprezando-se experiências acumuladas ao longo de anos.

Nessas ocasiões, elaboram-se projetos de comunicação para um público interno que reage das mais diversas formas. Determinados grupos fazem de conta que entenderam, que aceitaram e que estão de acordo com os novos empreendimentos e procedimentos. Outros se aglomeram e formam feudos, como forma de defesa contra o desconhecido, contra a própria instituição e contra as reclamações dos usuários.

Há muito a avançar, no que se refere à gestão dos processos comunicativos internos tendo em vista a escassa participação dos diversos grupos que formam o público interno. A falta de participação tem varias origens e, dentre elas, um modelo de organização que abre um amplo leque à fragmentação. Podemos citar o exemplo das universidades públicas federais, em que a dificuldade de integração da comunidade universitária tem dificultado a disseminação do que ela mesma produz.

O ambiente interno pode ser analisado, segundo Oliveira (1988, p.82-88) através do conhecimento da estrutura e da cultura organizacional. A estrutura organizacional é a responsável pela atividade da instituição e se expressa no organograma, nas atribuições, nos manuais de normas e procedimentos, nas rotinas de trabalho e nas descrições de cargos; a cultura organizacional se manifesta pelos valores e crenças impregnadas nos comportamentos individuais e coletivos. A cultura das instituições pode ser interpretada utilizando-se alguns procedimentos, como diz Oliveira (1988, p. 82-88): Olhe o ambiente físico da organização, verifique como a organização trata os estranhos, entreviste pessoas típicas da organização; observe como as pessoas usam o tempo, investigue como acontece o recrutamento, a seleção e a admissão das pessoas, observe como se progride nessa organização, verifique quanto tempo as pessoas permanecem na organização, observe o conteúdo das conversas especialmente nas horas das refeições, preste atenção ao relacionamento entre as pessoas, no ambiente de trabalho.

O perfil da cultura organizacional pode ser dimensionado em todos os aspectos da organização. Nas palavras de Srour (1998, p. 167) esse perfil pode ser demonstrado, pois "a arquitetura do ambiente, os móveis e os quadros embutem algo que os gestos desenham. As cores, os movimentos do pessoal e os equipamentos evocam o que as palavras celebram. E de forma curiosa, os agentes individuais, habitualmente tão diversos entre si, assemelham-se nos
ritmos e jeitos".

Então, diante de uma cultura tradicional, rígida e demasiadamente burocrática de muitos órgãos públicos, os comunicadores necessitam de um esforço suplementar para conhecer profundamente o ambiente em que operam. Para isso, as técnicas e as estratégias de comunicação com seus instrumentos são suas aliadas, permitindo-lhes identificar ameaças, falhas e oportunidades. Detectar o modelo de gestão em voga torna-se fundamental, na medida em que esse modelo constitui-se, como diz Beuren (1998, p. 36), na "representação teórica do processo de administrar, a fim de garantir a consecução da missão para a qual foi concebida".

Gerir significa desenvolver estratégias financeiras, de recursos humanos, de comunicação etc., a fim de que a instituição cumpra sua missão, assegurando-se continuidade. Pode-se, assim, dizer que, o modelo de gestão adotado pelas instituições exercem forte influência na concepção de comunicação, em virtude de as crenças e os valores dos dirigentes se transformarem em convicções influenciadoras do comportamento de todas as pessoas que compõem o corpo de servidores.

Beuren (1998, p. 39) ressalta que [...] a concepção do sistema de informações é dependente do sistema de gestão ao qual vai servir de suporte. Desse modo, os esforços, na arquitetura e no desenvolvimento do sistema de informações, devem ser concentrados na identificação das informações necessárias ao processo de gestão empresarial e na determinação dos subsistemas que devem gerá-las. Isto sugere que haja integração do sistema de informação com o sistema organizacional.

O diagnóstico da comunicação, nesses momentos, pode fundamentar os atos comunicativos, permitindo levantar dados originários da conduta administrativa, ajudando a compreender, a analisar e a propor alternativas de comunicação para alterar os relacionamentos hierárquicos estabelecidos e transformar as ações e os procedimentos adotados. O diagnóstico possibilita dar um tratamento adequado aos problemas originários da comunicação burocrática, possibilitando aos dirigentes reformularem posturas e atitudes e criarem novas alternativas para informar, esclarecer e relacionar-se. O planejamento da comunicação burocrática constitui um mecanismo eficaz para o processamento de informações importantes no âmbito das funções administrativas. Na maioria das vezes essa conduta em relação à comunicação burocrática – que viabiliza todo o sistema burocrático – é relegada e tida como de menor relevância.

Portanto, a participação dos trabalhadores e, especificamente, dos comunicadores na gestão das organizações se torna cada vez mais fundamental. Pode-se obter, através dela, um ambiente democrático e de compromisso entre os pares e entre esses e seus superiores, com deliberações colegiadas, podendo-se com isto reduzir a alienação e atenuar conflitos.

A atuação dos profissionais de comunicação dentro das organizações tem um papel importante nessa integração, a começar pela interpretação do ambiente organizacional. O diagnóstico dos sentimentos e necessidades do público interno pode ajudar a desenvolver, implantar e manter sistemas de comunicação consensuados e adaptados à realidade e, inclusive, adoçar os relacionamentos interpessoais com gotas de afetividade.

Segundo Neves (2000, p. 195) "conhecer ‘quem é quem’, suas motivações, idiossincrasias, poder de fogo, é indispensável para a construção de estratégias e do plano de ação".

Material de autoria de
Maria Francisca Magalhães Nogueira
Professora da Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia da UFG

Trabalho:
GESTÃO DA COMUNICAÇÃO INTERNA DAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS: UM RECURSO ESQUECIDO

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