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Redes sociais e ambiente corporativo: sonho ou realidade?

Renata Santiago


Alice

Tranquila e confortável em sua rotina, a empresa Alice tocava, de vento em popa, seu rentável negócio. Demandava e emitia informações somente quando necessário, usufruindo de uma reputação intacta de mais de 20 anos de atuação. Seus funcionários, clientes e demais públicos com quem se relacionava consumiam uma gama de informações prontinhas, criadas por um longo e demorado processo de redação, avaliação, publicação e tempo. Nada melhor do que ‘deixar estar’.

A toca do Coelho

Passaram-se alguns poucos anos, e Alice se viu em um meio global, recebendo informações em tempo real. Espantou-se com guerras na TV, fúrias climáticas e repercussões intermináveis dos fatos.

Um pouquinho mais à frente, o susto: Alice cai na toca do Coelho e se dá conta que tempo e espaço agora se foram. Que local e global podem estar juntos. É uma dimensão fluida. Está imersa em meio a um turbilhão de informações que transitam numa velocidade incrível, produzidas por todos. É sonho ou realidade? Onde está Alice?

Alice no país das maravilhas

Muito educada e cautelosa, Alice transita pelo país das maravilhas e, a cada passo, uma surpresa. “Estou atrasado, atrasado”, repete o coelho Twitter. São mais de 20 milhões de usuários no mundo, trocando posts ininterruptamente. Notícias já não são mais novas ou quentes. Alice conhece o coelho Twitter, mas segui-lo é sempre impossível. Parece estar sempre a vários passos.

Apesar de todos os avisos, Alice entra no Reino das Redes Sociais. As cartas estão na mesa: LinkedIn, Orkut, Facebook, Youtube. Qual carta escolher? Qual jogo fazer? Lidar com essas cartas que interligam, representam e expressam milhões de pessoas mundo afora não estava nos plano de Alice.

Sem ter para onde correr e sem respostas, restou a Alice enfrentar a impiedosa Rainha das Redes Sociais. Implacável e munida da força da colaboração, a Rainha demanda que Alice pense, adapte-se, aja. Mas Alice continuou confusa e recebeu o inegável: “Cortem-lhe a cabeça!”.

Sonho ou realidade

A história de ‘Alice nos país das maravilhas’ é um excelente pano de fundo para a apimentada discussão sobre a aplicação de redes sociais e demais iniciativas web 2.0 nas corporações. Já enraizados na sociedade, os ambientes 2.0 fazem parte da rotina de crianças, adolescentes e adultos, atribuindo um novo significado para o verbo relacionar. Contudo, essa realidade ainda é pouco aplicada nos ambientes corporativos e, em muitos casos, os entraves estão nas lideranças que ainda temem tomar a poção para entrar na toca do Coelho.

A realidade

Uma pesquisa apurada, e que gerou o livro ‘Gestão 2.0’, do PhD José Cláudio Terra e colaboradores, revela duas realidades corporativas: diversas empresas globais já tornaram realidade a utilização da web 2.0 para melhorar a produtividade de seus processos e a forma de seus funcionários trabalharem. Por outro lado, algumas não estão preparadas para implantar modelos de negócios colaborativos, pois ainda vivenciam práticas de liderança engessadas por comportamentos controladores e ameaçadores.

Mas as empresas que já adotam iniciativas colaborativas no exercício da liderança caminham para uma vantagem competitiva importante: o capital de relacionamento, voltado para a reputação, confiabilidade e gestão de redes. As principais contribuições da utilização de ferramentas web 2.0 no exercício da liderança são:

- maior velocidade na geração de conteúdo para comunicação da liderança;

- maior interatividade e transparência na comunicação, com a publicação de comentários;

- minimização das barreiras entre lideranças e demais funcionários da empresa;

- diversidade de canais no mix de comunicação, possibilitando a criação de meios mais dirigidos;

- alinhamento estratégico, cultural e institucional;

- mensuração quase imediata das ações tratadas no ambiente colaborativo.

Fim?

O futuro da cibercultura na sociedade e nas empresas ainda é incerto. Mas a aplicação de suas ferramentas de relacionamento, alinhadas aos objetivos de negócio e implementadas corretamente, pode transformar a rotina corporativa de maneira infinitamente positiva. É certo que crescer dói. Portanto, se há dificuldade de escolher qual obstáculo enfrentar e como, reúna sua equipe, especialistas, consultores e todos que desejem construir uma cultura digital produtiva para a empresa. Lembre-se: colaboração é a chave para o desenvolvimento e o sucesso das iniciativas 2.0.

E aos profissionais de comunicação, o alerta. Um desafio que precisa ser enfrentado, e que tem participação crucial das equipes de comunicação interna, é a sensibilização e orientação da liderança quanto a sua dedicação e seu comprometimento para o sucesso da iniciativa digital escolhida. Mas isso também é outra história!


Renata Santiago é consultora em comunicação, gestão de mudanças e do conhecimento na TerraForum. É bacharel em comunicação social – relações públicas, especialista em marketing (FGV) e pós-graduanda em Gestão integrada de comunicação digital (USP).
Contato: renata.santiago@terraforum.com.br


*material do portal nós da comunicação, disponível em:http://www.nosdacomunicacao.com/panorama_interna.asp?panorama=225&tipo=G

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