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O entusiasmo de Gil Giardelli com o poder das redes sociais na web

Christina Lima

Com 11 anos de atuação no universo digital, Gil Giardelli demonstra toda a sua empolgação com as novas possibilidades de relacionamento que as redes sociais na internet estão permitindo. Em entrevista por e-mail ao Nós da Comunicação, ele analisou o mercado e o que esperar do futuro.

Coordenador do curso ‘Ações Inovadoras em Comunicação Digital’, na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Giardelli não poupou exclamações em suas respostas.

Confira o melhor da entrevista abaixo:

Nós da Comunicação – Um dos seus mantras é “Não podemos usar velhos mapas, para descobrir novas terras”. Em se tratando da relação redes sociais-empresas, as corporações que não aderiram às novas mídias ou simplesmente não permitem o acesso de seus funcionários às redes estão usando velhas cartas náuticas em tempos de GPS?
Gil Giardelli – Vivemos o choque entre a economia do século XIX com a do século XXI. As empresas são obrigadas a entender conceitos de transparência radical! O passado foi opressor, vertical, vigiado e individualizado! Hoje, vivemos a democracia das mídias sociais e da inovação coletiva. Um momento da história onde pequenos grupos significam grandes mudanças!

Nós da Comunicação – De todas as ‘ideias que merecem ser espalhadas’ apresentadas no TEDxSudeste, quais lhe chamaram mais atenção? Por quê?
Gil Giardelli – Não observaria atos isolados e sim o conjunto da obra! O que leva um grupo de voluntários a criar aquele evento? O que leva centenas a se deslocarem de seus estados para durante 13 horas compartilharem? O que levou centenas a trocarem seu sábado de ócio para ficar no livestream? O brilho no olho de cada envolvido era mágico! Eu acredito que é o reflexo de uma humanidade em transição. Vivemos o começo do software da “Sabedoria das Multidões” que une pessoas e derruba barreiras geográficas.

Um mundo conectado em redes sociais e sua ciência da reputação, o valor da diversidade, o espírito pioneiro se renovando, a arte da descentralização, os seminômades conectados a qualquer hora, qualquer lugar e sem endereços fixos! Ou seja, a conjunção destes fatos, nos presenteia com eventos como o TEDXSudeste, TEDXNY, TEDXSP. Locais para aprendermos coletivamente a trabalhar em rede, viver em rede, inovar em rede, aprender em rede.

Nós da Comunicação – Como a participação do cidadão na política via internet, movimento batizado de webcidadania, pode aproveitar o poder multiplicador das redes? Nesse sentido, de que outras formas você acredita que a tecnologia pode contribuir para o desenvolvimento social?
Gil Giardelli – As grandes mudanças destes séculos aconteceram até agora ou pela tecnologia ou pela mudança climática! Ambas necessitam de novas formas de fazer política! Caminhamos para a aldeia global, para o idioma universal, para a liga dos justos propagada por Karl Marx. Um lugar onde mais se compartilha, mas se recebe! Em resumo não precisamos mais de políticos individualistas, trambiqueiros, antiquados! Nas redes sociais já acontece. Com um simples click é decidido o futuro das ruas, dos bairros e já, já das cidades, estados, nações e do globo!

Nós da Comunicação – Estamos começando a nos familiarizar com o conceito de web 3.0 e seu blog lança um olhar sobre a ‘humanidade 4.0’. Quais as características dessa nova geração de seres humanos, afinal?
Gil Giardelli – Veja o choque de séculos! O ícone da revolução industrial foi Henry Ford e seu modelo de fazer carros em série. Com seu advento a humanidade criou aos milhões carros, estradas, megalópoles e distanciamento do outro. Na revolução tecnológica, não existem ícones, somos todos nós, talvez representados pelo Pedro Franscesquini (palestrante de 13 anos do TedxSudeste) e seus amigos que produzem aplicativos e disponibilizam gratuitamente na grande rede.

Vivemos a era da substituição do “Não estacione seu carro aqui, sujeito a guincho” por ”Sente neste banco, observe os pássaros e converse”. A substituição da produção em massa pela inovação em rede pelas massas.

Sai o Homo Economics, extremamente egoísta e racional como definiu John Stuart há alguns séculos com o mantra “Obter o bem pessoal máximo ao preço mais baixo possível”; seja bem-vindo ao que vários pesquisadores cunharam de Homos Dictyous (Do Grego Dicty = “rede”), potencialistas agentes de mudanças!

Algo que não tem nada a ver com idade e sim como você absorve e aproveita as inovações. Pessoas que podem ter um canal de vídeo igual ao da rainha da Inglaterra e um blog e Twitter igual ao do presidente de uma nação.

Nós da Comunicação – Um dos temas do módulo ‘Economia colaborativa’ do seu curso ‘Ações inovadoras em comunicação digital’ na ESPM levanta a possibilidade da substituição das intranets por um modelo baseado nas redes sociais. Essa é uma tendência no mundo corporativo? Quem usa intranet nas empresas? Somente as pessoas que contrataram o projeto?
Gil Giardelli – Pessoas não querem redes verticais, elas migraram para redes sociais abertas! Reflexo das mudanças: sai o marketing de Guerra que bombardeava o consumidor, acertava no target, blitz, saturação e impacto e entra em cena a comunicação de relacionamento.

Nós da Comunicação – O consumidor de hoje é muito mais complexo: imediatista, mas preocupado com a sustentabilidade; tem poder formador de opinião e quer compartilhar informações sobre produtos e serviços. Que tipo de comunicação tem mais chances de alcançar esse bem informado cidadão?
Gil Giardelli – Não existem mais consumidores e sim pessoas! Entram os potencialistas, indivíduos que exigem produtos sustentáveis, simples, convenientes, com design e preço justos e que criam em torno da marca os 5Cs (comunidade, colaboração, conteúdo, click e comércio)!

Nós da Comunicação – Em um diálogo travado na área de comentários do blog Nepôsts em relação ao texto 'Os riscos do tecno-otimismo', você se identificou como um tecno-otimista. O que o faz se assumir nesse grupo? Para você, não há uma crise de inovação produtiva?
Gil Giardelli – Olhe em volta! Olhe novamente! Apesar de suas mazelas a humanidade está melhor! A Revolução Francesa nos deu liberdade! A revolução verde nos deu alimentos e a revolução digital nos dá rede, igualdade, fraternidade. Sim, com a sabedoria das multidões ajudaremos um bilhão de pessoas que passam fome no planeta. Sim, resolveremos juntos em redes sociais as doenças, guerras, desemprego e mazelas herdadas dos séculos passados. É conversando – em rede – que agente se entende, né? Existem mil exemplos de agentes de mudanças fazendo pequenas atitudes que mudam cada dia o mundo!

E de forma petulante questiono meu genial amigo Nepô e devolvo as pimentinhas jogadas por ele no ciberespaço! Rotular pessoas de tecno-otimistas, cyberpessimistas, ou @qualquercoisa não é algo do século XIX? A internet é genial por isso, cabe tudo! Formas, escolhas, embates e sutilezas! No final é assim, tanta tecnologia para pedirmos abraços no YouTube e entendermos o singelo significado do que é ser coletivo. Percebeu que o egoísmo não é bom para ninguém?

Então, leitores do Nós da Comunicação, são tempos de mudanças, dias ensolarados no ciberespaço, use filtro solar, ande de cabeça erguida, seja honesto, inove, empreenda e não esqueça de usar velhos mapas para descobrir novas terras ;-) Boa viagem!

Material do portal Nós da Comunicação. Disponível em:http://www.nosdacomunicacao.com/panorama_interna.asp?panorama=321&tipo=E

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