Pular para o conteúdo principal

O que o Carnaval pode ensinar para as empresas


Confete no chão, máscaras caindo, últimos compassos de samba no pé e a música no trio cada vez mais longe... aos poucos, os foliões dão o triste adeus ao Carnaval. Por sua vez, é ele quem abre espaço para o ano sem mais desculpas para não começar, bem como para o trabalho que agora engrena de vez.

Fica o cansaço para uns, o descanso para outros e as boas lembranças para todos. Para as empresas, ficam também as lições trazidas pelas escolas de samba, não só nos quesitos básicos de inovação, criatividade, motivação e animação, mas pela maneira de conquistar notas altas suficientes para se destacar no mercado, ou melhor, na avenida.

Na opinião de Carlos Alberto Júlio, professor de administração na USP, ESPM e FGV, os dois quesitos mais complexos nesse sentido são os de evolução e harmonia. Há empresas criativas, inovadoras, capitalizadas, mas que não prosperam porque pecam em evolução e harmonia, afirma ele em artigo recente sobre o tema.

Abaixo algumas lições que podem ser aprendidas, segundo o professor:

Evolução dos processos


Ao julgar a evolução, o jurado deve verificar se os componentes estão evoluindo de acordo com o ritmo do samba e a cadência da bateria, diz o professor. Seus olhos devem estar atentos para o deslocamento coletivo das alas. Deve determinar se há compactação, fluência e coesão.

Em uma empresa, o descompasso atrapalha a evolução dos processos e pode embolar, com certa frequência, o fluxo de trabalho. É o caso de áreas que deveriam se entrosar, mas não conseguem por só enxergarem seus interesses. Exemplos: áreas de compras e logística; venda e financeiro.

Uma mercadoria chega e não encontra lugar no estoque. É assim que algumas cadeias de supermercados, volta e meia, apresentam filas de caminhões diante de seus depósitos. É aquele Deus nos acuda para acomodar os produtos adquiridos, afirma ele.

O contrário também acontece. A área de distribuição não informa sobre o volume de vendas de item, que tem de ser reposto por compras antes que uma lacuna seja formada pela falta do item em estoque. Se a sua empresa embola as alas, vai ter problemas. Se deixa espaços injustificados entre elas, também vai reduzir sua eficiência, diz Carlos.

Harmonia entre falar e fazer

A avaliação do quesito é bem simplificada pelo professor: a proposta é verificar o entrosamento entre ritmo e canto. Os integrantes da escola precisam cantar o samba enredo, o tempo todo, em consonância uns com os outros e com o puxador (intérprete).

Se o gestor disser uma coisa e fizer outra, não há como ele ser seguido pelos colaboradores, muito menos encontrar formas de haver coesão na hora de respeitar valores e perseguir metas, afirma o professor. Por vezes, a mensagem é passada, mas demora até ser compreendida e entendida pelo grupo de trabalho.

Não atravesse o samba

Não é à toa que essa ação virou até uma expressão corriqueira usados no Brasil para deixar claro quando um grupo ou pessoa atrapalha os interesses de outros. O samba atravessa, na avenida, quando as pessoas da comissão de frente cantam uma parte da composição enquanto a ala das baianas recita outro verso.

Vemos isso cotidianamente nas empresas. Um departamento empolgado, atuando de acordo com o discurso da inovação, enquanto outro ainda recita velhas regras operativas, afirma Alberto Júlio.

Evitar a situação só é possível quando o puxador, assim como o gestor nas empresas, canta de forma clara e alta o samba enredo da escola. Canta de uma maneira que não deixa dúvidas sobre o que está sendo ouvido e o que precisa ser entoado de maneira sincronizada por toda a organização.

Escola unida, vence unida

É preciso chegar até o final da avenida, no tempo e de acordo com as regras estabelecidas, da forma mais próxima ao impecável e grandiosa. Objetivo que se torna impossível se o gestor não manter seus colaboradores em atividade permanente, na busca por uma ajuda e compreensão mútua e sempre movido para frente.

Alinhe seus valores, unifique suas metas e trabalhe para que suas equipes cantem sempre a mesma música, afirma Carlos no artigo. Abençoados somos nós, brasileiros, que temos exemplos tão claros e efetivos de como gerir para o sucesso.


*Disponível em: http://exame.abril.com.br/negocios/gestao/noticias/o-que-o-carnaval-pode-ensinar-para-as-empresas?page=2&slug_name=o-que-o-carnaval-pode-ensinar-para-as-empresas

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Do que as Mulheres Gostam?

Lancei na minha turma de Mercadologia um desafio. Fazer a melhor resennha do filme de Mel Gibson e Helen Hunt - Do que as Mulheres Gostam - conectando com todos os assuntos dado em sala. A aluna Maria Eliane Vieira Feitosa ganhou o desafio e um livro sobre Marcas e como achei o trabalho muito bom vou disponibilizar aqui. Abs, Dani Cabraíba DO QUE AS MULHERES GOSTAM INTRODUÇÃO No filme, Nick Marshall interpretado pelo ator Mel Gibson, é um executivo de sucesso, que trabalha em uma agência de publicidade em Chicago e lida diariamente com a batalha dos sexos, tanto pessoalmente como profissionalmente. A vida de Nick muda totalmente com a chegada de uma nova chefe para a agência, e com ela foram aderidas muitas campanhas de publicidade voltadas para o público feminino. Apesar de seu charme e sucesso com as mulheres, ele nunca deu a mínima para o que elas pensam ou dizem, mas terá que mergulhar neste novo mundo para atender às necessidades e exigências de sua chefe, mas as coisas ficam ma

Bancos enfrentam desafio de criar redes sociais para funcionários

Claudiney Santos Conectar 120.770 funcionários, 5.103 agências e 1.637 postos de atendimento bancários em 23 países, em todos os continentes são alguns dos números que dão uma idéia do projeto da rede colaborativa que o Banco do Brasil está desenvolvendo. A informação é de Alberto Luiz Gerardi, executivo do banco estatal, que participou do painel sobre Plataforma Corporativa de Colaboração, nesta quinta-feira, 16, no Ciab 2011, congresso e exposição de tecnologia da informação das instituições financeiras, que acontece em São Paulo. Ele explica que, no passado, a rede estava baseada em um sistema de correio desenvolvido em software Natural e banco de dados Adabas, com uma interface de texto em terminal IBM 3270, com a qual os funcionários estavam acostumados, o que fez com que houvesse certa reação quando da adoção de uma nova plataforma de colaboração, que oferece mais recursos e interatividade. De acordo com Gerardi, a rede colaborativa do BB tem o objetivo de compartilhar conhecimen

Como a Internet mudou a forma de nos comunicarmos?

  Em seu livro O poder da comunicação, o sociólogo e professor universitário Manuel Castells define o ato de se comunicar como “compartilhar significados por meio do intercâmbio de informação”. No entanto, ainda segundo o autor, “com a difusão da Internet, surgiu uma nova forma de comunicação interativa, caracterizada pela capacidade de enviar mensagens de muitos para muitos, em tempo real ou em um momento específico”. Em outras palavras, se até pouco tempo atrás os meios de comunicação podiam ser considerados “unidirecionais” -- ou seja, emissores de mensagens generalistas, que eram enviadas a partir de um único ponto para muitos receptores indiferenciados, através de livros, jornais, filmes, rádio e televisão --, hoje em dia, qualquer usuário pode não só criar e emitir a sua própria mensagem personalizada, como também prever e definir o perfil de seus possíveis receptores, sejam eles seguidores no Instagram, inscritos no YouTube, conexões no LinkedIn, ou contatos no WhatsApp. De acor